Como que comprovando sua incapacidade de gerir o Sistema Aeroviário do país, o governo petista, finalmente, aderiu ao irresistível charme do liberalismo privatizante. É uma pena que esse atestado de incompetência chegou com 9 anos de atraso, mas não poderia deixar de ser diferente; afinal, o PT angariou grande parte de seu eleitorado demonizando as privatizações de seu principal adversário, o PSDB, que, no linguajar esquerdopata, seguia a passos largos para “vender o país”.
Ao privatizar, o PT rompe com seu passado. Aliás, o caráter “estatal” apresentado pelo governo disso que chamam de “Esquerda”, no Brasil, era um dos últimos resquícios que o PT tinha, em concomitância com o populismo, que o diferia daquilo que o próprio partido classifica como a Direita Conservadora.
Sabendo dos riscos de a adesão aos ‘Ventos Privados’ trincar parte de seu eleitorado, o espécime oportunista do governo federal colocou seu time em campo para tentar fazer-se acreditar que, ao contrário de antigamente, “nós não estamos privatizando, estamos fazendo concessões”. Debate Inútil, já que o que caracteriza uma concessão é o controle, logo, se o controle foi adquirido pela iniciativa privada, privatizou-se.
A Privatização do PT, que com muita propriedade chamo de Privataria, foi capitaneada com os mesmos conceitos históricos das privatizações do PSDB. Nem nisso o PT foi capaz de se diferenciar. Os grandes avalistas da privatização continuam sendo o bolso do contribuinte, via BNDES, e os fundos de pensão estatais. É o tipo de negociata que só acontece em países emergentes; onde mais permitir-se-ia privatizar um bem público com o dinheiro do povo? Aliás, deixando de lado as entrelinhas contraditórias, seria inteligível o uso de dinheiro público para estatizar e não para privatizar, correto?
Como, no governo federal, tudo aquilo que é ruim corre sempre o risco de ficar ainda pior, Dilma deu sua contribuição para estrangular a real chance de sucesso que privatizar os aeroportos apresenta. Diz-se isso, pois a Doutora decidiu que o governo deveria ter participação robusta na administração dos consórcios. Com o martelo batido, nada menos que 49% da responsabilidade dos investimentos continuará a cargo da estatal Infraero.
Em um momento cujo qual o governo federal anuncia corte de gastos em áreas como Saúde e Educação, é ignomínia permanecer como investidor responsável por 49% dos investimentos em aeroportos que foram privatizados. É um ato de deboche, sobretudo, com as camadas mais pobres da população, aquelas que dependem dos serviços básicos de saúde e educação públicos e que jamais colocaram seus pés em qualquer aeroporto.
A Privataria Petista chega em “boa hora”. Com ela vislumbra-se uma luz no fim do túnel dos gargalos que permeiam o sistema aéreo de Norte a Sul do país. Sem ela isso seria impossível. Junto com a Privataria chega a constatação do óbvio: o que o PT apresentou em todas as suas campanhas eleitorais à Presidência da República não passou de Estelionato Eleitoral.
Espera-se que o povo dê, nas urnas, a resposta à essa estrovenga; no entanto, em um país que precisa aprovar um estratagema como a Lei da Ficha Limpa para que seus eleitores não leguem seus votos à choldra, a resposta à Fraude Intelectual petista parece pouco provável. Ver-se-á!
O petismo de Lula, que até o ano passado descia o sarrafo nas privatizações, parece vivenciar um conflito semiológico com seu próprio espelho. Mas o Brasil, que do mesmo modo vivencia, não um conflito, mas uma crise de identidade político-eleitoral, parece não possuir ninguém capaz de atirar a primeira pedra, infelizmente.
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