Por Fernando Moreno Machado
O Ex-Pirado, que não se cala dentro de si mesmo por nada nesse mundo nem no inferno, brindou-nos na útima semana com mais uma de suas pérolas, que na verdade, são os porcos: "Político tem que ter casco duro", sentenciou "O Inimputável", estendendo a não-inimputabilidade sua, aos membros do primeiro escalão do desgoverno das Trevas III (sua herança maldita), envolvidíssimos na corrupção generalizada, sempre às vias de um penúltimo escândalo - o último é sempre o próximo, tão certo de acontecer quanto é a certeza de que contamos com a misericórdia Divina.
Neste país onde verdades são mentiras e as mentiras andam todas misturadas, não há mérito algum em ter nascido inteligente ou honesto. O mérito consiste em ser excepcional. Tal qual o mesmo Ex-Pirado tipificou José Sarney - não é pessoa comum - e em ter o casco duro: caso seja pego em meio a um crime, simplesmente não se importar em ser "difamado" por ser um criminoso lesa-pátria ou coisa pior. O mérito consiste em escolher o momento certo para chorar, e comover a nação tupiniquim, que adora um melodrama e abona quem se faz de vítima, mesmo sendo seu próprio algoz.
O desgoverno das Trevas, desde sua versão I até agora (por enquanto, na III), defende que o essencial é que os seus criminosos particulares pareçam muito inocentes, que as suas virtudes, pela graça do nascimento, não possam ser postas em dúvida, e que os seus crimes, passem como tendo sido apenas uma infelicidade passageira, uma bobagem qualquer, nunca sejam senão provisórios, claro, e por culpa exclusiva de golpistas que ousam atacá-los, contra o bem do povo. Geralmente, esses golpistas são a imprensa, que descobre e/ou divulga políticos da oposição que não tenham velcro super aderente ao "governo de coalizão republicano" e até, qualquer instituição investigativa do tipo, Ministério Público Federal, Polícia Federal. Até chegar nos tribunais que, em circunstância alguma podem cometer a insanidade moral de considerá-los culpados, menos ainda, atribuir-lhes quaisquer penas.
Compram os diversos segmentos da adorada "sociedade civil organizada", esse M.O, que também é de pensar. Um exemplo de como essa gente petralha é "diferenciada", foi manchete do Estadão On-line, na tarde da sexta-feira: "José Dirceu elogia aumento de impostos para carros importados". Lá fui eu, clicar no link e ler a "matéria". Tudo, nela, causa espanto numa pessoa de bem. Mas as opiniões desse elemento seriam de menor importância. O que me causa mais engulhos é que A SUA OPINIÃO MERECEU UMA REPORTAGEM EXCLUSIVA. Não se tratou de uma fala inserida em alguma cobertura de um evento que o de cujos pudesse ter feito alguma declaração. Nada disso. Ele, simplesmente, foi OUVIDO pela reportagem sobre a economia de CorruPTópolis, sobre os impostos deste país que o PT, com grande colaboração do Dirceu, erigiu no lugar do Brasil.
Estampa o jornal a opinião do "consultor" Gerdau, alçado à comissão de salva-pátria para dar algum rumo num desgoverno perdido sobre seu próprio eixo, sob seus próprios escombros. Essa fez algum sentido, por óbvio. Mas não consigo compreender qual é a dificuldade da imprensa genuflexa em fazer a relação entre o tipificado "chefe de uma sofisticada organização criminosa", a economia, os impostos, com máfia, Al Capone, etc. Para mim, parece tão óbvio! Mas seguem dando ouvidos, palco, e nos obrigando a ouvir (ler) outras declarações debochadas do mesmo marginal, oferecendo-se a ajudar a "Comissão da Verdade". Pode um trem desses? Se não for deboche (além da péssima construção da linguagem) "Vou estar às ordens, vou sempre colaborar", não sei que nome dar a isso.
Como disse o Coronel do Coturno Noturno, "isso é país?". Como digo sempre eu, é sim, é CorruPTópolis. Onde não há inocentes. Apenas cúmplices.
Fernando Moreno Machado é formado em Sociologia e Política pela FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), Secretáro-Geral do PSDB Porto Feliz-SP, Delegado Estadual e Nacional do PSDB.
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