Por Fernando Moreno Machado
Algo que deveria ser aplaudido por toda a população, mesmo por aqueles que não fizeram parte ativa, as marchas contra a corrupção são desvirtuadas por gente que não tem interesse que a situação mude, geram polêmicas, incitam discórdias partidárias, elevam ânimos de mal intencionados, levam a ofensas e ameaças...
Diz o ditado popular que quando a criança é bonita todos querem ser pai, mas quando a criança é feia, ninguém quer ser padrasto. As marchas realizadas no último feriado tiveram menos adeptos em Brasília e no Rio, culpa, provavelmente, de um feriado para se dormir até tarde, pegar praia ou ir para o churrasco na casa do cunhado, por outro lado, houve um número maior de cidades participantes. Apartidárias, as marchas afastam aqueles partidos que fizeram história por meio de mobilizações nas ruas e praças, sempre pregando moralidade e levantando suas próprias bandeiras de únicos defensores da honestidade e da ética.
Desde o primeiro dia do governo de Lula seus partidários passaram a chamar qualquer opositor de golpistas. Era o único governo do planeta que não tinha oposição, mas golpistas, pecha popularizada pelos três blogueiros assalariados pela Petrobrás: Paulo Henrique Amorim, Luís Nassiff e Panúnzio. Como extensão, o título foi levado aos órgãos de imprensa, raríssimos, que não capitularam.
Desacostumados em serem vitrines, depois de quase três décadas na função de pedra, petistas e coligados não conseguem aceitar a censura, mesmo que muito bem calcada em fatos e análises, isentas ou não, a base de apoio da dupla Lula/Dilma retraiu-se diante do levante popular, ainda tímido, porém crescente.
Os chefes, ou capi, da base governista têm interesses muitos em se colocarem contra as marchas, já seus tão famosos militantes, povo sem vontade própria e sem qualquer análise, repete o que os cardeais petistas mandam. Desconfio que o partido, tem alguns aspones com a função única de criar palavras de ordem e factóides a serem repetidos à exaustão, até virarem verdades, pela arraia miúda vermelha.
Para essa gente é inadmissível alguém abrir publicamente seu estandarte. Confundem a grita geral contra os desmandos políticos, financeiros e judiciais com o desejo de derrubar o governo, numa clara manifestação de ato falho. Se pedir o fim da corrupção e punição dos bandidos é o mesmo que pedir a derrubada do petismo, deduz-se que petismo e bandidagem são a mesma coisa para os próprios petistas. Ao se oporem às marchas achando que defendem seus mandantes, comprometem-se como cúmplices nas safadezas que um número cada vez maior de brasileiros condena.
No exterior surgem movimentos como a “primavera árabe” e Occupy, nada mais que manifestações esquerdistas derrubando, ou tentando, as estruturas capitalistas ou simplesmente instituições seculares para, em seu lugar, colocarem estruturas viciadas pelo marxismo ou suas interpretações mais radicais, e isso agrava a insatisfação do socialismo brasileiro ao ver seus concidadãos andarem em sentido oposto, defendendo a moralidade, a retomada da ordem econômico-ética-social.
A data já está marcada, 15 de novembro, 122º aniversário da Proclamação da República, cujo refrão de seu hino canta “Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós”. O brasileiro comum só conhece esses versos por conta de um samba de enredo de uma escola de samba carioca, enquanto que aqueles que um dia estudaram Educação Moral e Cívica bem sabem que a música de José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque (1867 – 1934) (letra) e Leopoldo Miguez (1850 - 1902) (música), são uma manifestação do mais íntimo, primário e necessário desejo do ser humano e este desejo é tolhido abrupta e criminosamente pela corrupção vigente como se fosse lei ser bandido, e punível a honestidade.
Fernando Moreno Machado é formado em Sociologia e Política pela FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), Secretário-Geral do PSDB de Porto Feliz-SP, Delegado Estadual e Nacional do PSDB.
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