Se houvesse alguma lealdade e brio no adversário, talvez fosse tudo muito mais fácil. Provavelmente nem haveria tão acirrada adversidade, dada a passividade malemolente que herdamos dos índios. Mas não há. O adversário é traiçoeiro, ladino, omisso, mal intencionado.
Nem todo o trauma, porém, é culpa do adversário. Mesmo a parte adversária que não é aliada de outros adversários, torna-se conivente, seja por inépcia, seja por conveniência, com os desarranjos do adversário. Como num contrato legal, a partir deste ponto entenda-se por adversário o grupo que comanda a todos, adversários – também conhecidos como PTralhas – e passivos espectadores os incolores, que comportam-se como calangos sobre o muro, satisfeitos com suas horas de sol e os insetos que se lhe caiam ao alcance da língua.
O maior de todos os adversários, aquele que saiu das classes baixas para o topo da pirâmide e tornou-se o messias dos adversários, tem a louvável qualidade oriental da paciência e a péssima característica dos mafiosos sicilianos. Paciência e vingança correm em suas veias. Soube alimentar por 28 anos sua sede de poder e vendeta. Alimentou-se com mingau frio da beirada do prato esperando a hora de avançar no meio onde se concentra a canela e os nacos mais substanciosos de milho e queijo. E o mingau estava bom, tanto que não quis passar o prato adiante, até admitiu que levaria o prato para casa ao final da segunda rodada de serventia dos acepipes.
Qualquer outro com o mínimo de dignidade envergonhar-se-ia de admitir que o gosto pelo poder era tão grande, os prazeres que se lhe dera tão inalcançáveis para seus rivais da plebe, mas não ele, não o messias da cara de pau. Este queria mais e sua sede não se aplacou, deseja atravessar o Mar Vermelho de novo e consigo trazer mais multidões para lhe fazere a corte e o proteger dos adversários morosos, complacentes, condescendentes, imovíveis.
Como líder dos desleais, não deixou de ser copiado. Sua escolhida, a messias do messias, já percebeu, conhecedora da velha práxis esquerdistas de livrar-se dos amigos quando eles deixam de ser úteis, e protege-se afastando-se pelos cantos, escamoteando, dando-lhe um sorriso afetuoso e virando-lhe as costas com esgares de medo e vigilância absoluta. Eles são iguais e se conhecem. Vieram do mesmo lixo humano, embora de castas diferentes. Sendo crias da mesma ninhada sabem que todo o cuidado é pouco em relação a seu vizinho e seus aliados. Nenhum dos dois tem a lealdade esperada numa contenda limpa. Dissimulam seu ódio e desejos inconfessáveis pelos prazeres do trono com sorrisos ensaiadamente amigáveis e tapinhas nas costas, as mãos procurando o local ideal onde se fincar o punhal.
Os adversários do adversário é que não aprendem. Fingem-se de mais inteligentes, mas, de fato, são apenas mais cultos, mais instruídos, mais estudados. O messias e seus protetores mostram que detêm a inteligência. Não confundir com a virtude, mas o vício. A tal inteligência que no Brasil foi rebatizada para “esperteza”, um vício muito mais danoso do que o tabagismo, que faz lá suas vítimas periféricas. As vítimas da esperteza institucionalizada pelo messias e seus orientadores intelectuais, um grupo disforme, porém conhecido de facínoras em pele de cordeiro, doutores que não têm títulos, senhores que não têm índole, autoridades que não têm caráter, consultores que não têm empresa, traficantes de papéis e influências, é toda uma nação que alimenta a metástase que a camarilha por ele comandada inoculou paulatinamente a partir de um pequeno vírus vermelho. Uma corja putrefata camuflada em ternos italianos e tailleurs Channel.
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