A cada ministro que cai, ainda ecoam vozes do Planalto repetindo o bordão de que a presidenta não será pautada pela imprensa, não irá a reboque da mídia, não decidirá sob pressão. Embora todos os escândalos que levaram a quedas de ministros tenham sido levantados justamente pela imprensa. Grande erro, pois o governo tem que agir, sempre, sob pressão da mídia que é a voz do povo que deveria ser atendido por ele, pois os governantes estão aí para nos servir, embora não o faça nem queira admitir.
Nunca na história desse governo a mídia e a opinião pública foram surpreendidas com algum ministro demitido por malfeitos flagrados e revelados pelo próprio governo e seus órgãos de controle.
Se a imprensa não gritasse, o ministério inicial de Dilma/Lula estaria intacto e, como dizia o ministro Orlando Silva, seria indestrutível. É por isso que o Zé Dirceu e seus colunistas militantes gritam tanto contra a 'mídia golpista'. Por ser legalista demais.
Daí a obsessão de controlar os meios de comunicação por meio de conselhos a serem aparelhados por partidos e sindicatos. Inspirada nos modelo venezuelano e argentino, uma das bandeiras dessa 'democratização da mídia' é a limitação da 'propriedade cruzada': quem tem televisão não pode ter rádio, jornal, portal de internet ou canal de TV paga ao mesmo tempo.
Apesar da competição acirrada no bilionário mercado publicitário brasileiro, eles querem nos proteger de monopólios imaginários, ignorando que a interação entre várias mídias é hoje uma exigência dos grupos de comunicação independentes, que os viabiliza economicamente. A produção de informação e entretenimento custa, e vale, cada vez mais.
Para manter a TV Globo, seus acionistas teriam de vender suas revistas, rádios e canais pagos. A Folha de S. Paulo teria de se desfazer do UOL. A Band teria de escolher entre suas rádios ou TVs. A RBS perderia o Zero Hora. Coitado do Sarney teria de abrir mão de sua Rede Mirante ou da Tribuna do Maranhão.
O sonho dirceuzista é ver empresários 'progressistas' comprando a CBN, a Época, o UOL e a Band News, financiados pelo BNDES, por supuesto, para 'democratizar' as comunicações brasileiras. Como jamais conseguiram criar, mesmo com rios de dinheiro público, um veículo de sucesso e credibilidade, desistiram de tentar fazer, agora querem comprar feito.
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